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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Vó.

O dia iniciou com tamanho resplendor que parecia que junto dele, estava você, cheia de luz, irradiante, serena, tentando confortar-nos com a notícia que estava por vir, de boca em boca, acompanhando o vento. O dia iniciou, porém, pareceu ter tido seu fim ali, naquele instante. Dentro de mim, o tempo fechou, tudo a volta monocromatizou; vozes, conversas, gritos, tudo virou ruído... O corpo perdeu calor, o coração desacelerou, as pernas desaprenderam a andar, e a garganta aos poucos foi-se fechando, tornando o ar cada vez mais rarefeito, trazendo um desejo incontrolável de expressar a dor apenas com lágrimas, desacompanhadas de falas e roteiros.

A descrença de que tal notícia poderia propagar-se tão repentinamente era tão forte, que não se podia alinhar os pensamentos, e ter noção do que havia acontecido. Parecia ser tudo tão ilógico. Uma piada de mal gosto... Um pesadelo que não tinha fim. Como assim? Quem permitiu? Por que não a ajudaram? Por que a levaram de mim?

Me neguei em dizer adeus. Não permitia meu pensamento acreditar em outra coisa a não ser sua melhora. Sim, me manti no egoísmo por todo esse tempo, pedindo incessantemente sua presença ao meu lado por mais tempo. Sobrepus a todo momento a minha vontade, o meu desejo, desacreditando de que estava na sua hora... Quis competir com Deus quem ficaria mais tempo ao seu lado. Quem merecia mais sua companhia. Medi forças. Pedi de todas as formas para segurá-la aqui. Desejei assumir diversas formas, prepotentemente, ser curandeiro, médico, mágico, milagreiro, tomar o lugar do coração, do sangue, do respirar... Desajava tudo, menos estar no meu lugar, perdendo você.

E agora dói... Dói por não ter sido forte o suficiente para te permitir ir, em paz. Dói por notar que desejei você aqui acima de tudo, acima de suas dores e lamúrias. Dói, por ver outro anjo da minha vida ir... Dói, por saber da verdade, por saber que já estava na hora de você descansar, de dar um fim ao seu sofrimento. Dói, por saber mesmo contra minha vontade que Deus, puxa pra si pessoas boas, anjos, de forma rápida, tirando-os da dor e os confortando em seu reino. Não era a forma que eu desejava que suas dores cesassem. Não era a forma que eu esperava o fim desse capítulo. Não era a forma que eu aceitava que você fosse. Não era eu quem decidia...

A aunsência do zelo envolvido em um amplexo, a falta das prosas e chimarrão sob a sombra da varanda, não serão tão facilmente confortadas. A saudade não será de maneira tão simples amenizada. Mas tudo ganha voto de compreensão quando percebe-se de que agora, seu corpo não sofre mais de dores, não expressa mais o cansaço da luta, seu espírito não encontra-se mais em agonia, em desespero, aturando dolorasamente todo o compasso de dificuldades de que a cada passar de hora começava a surgir. Todas as dores aqui, ficam pequenas, ao notar-se de que agora, você está novamente bem, aliviada. Sendo unipresente nos dias de cada um que levou consigo em seu coração. Tudo que enfrento sem você aqui agora será nada, perto do amor que tenho por ti, perto do conforto que tenho de saber de que estás melhor do que eu. Tudo será nada, assim, como muito sempre foi pouco perto do que você sempre mereceu.

Me foi difícil deixá-la ir, já havia sido difícil acreditar de que tudo que estava acontecendo era real. Mas acredite de que desejo que siga seu caminho e descanse em paz, porque aqui do outro lado, eu também seguirei, sem jamais esquecer, um dia que seja, dos dias ao seu lado. Eu te amo, vó!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Setembro jás não tem primavera.

E vem o fim. Agosto passa sôfrego, e chega setembro, com a policitação de plácidos dias. Mas o sol cai e traz consigo uma noite sempiterna, arrefecida e dorida... Sobre um leito onde estava o devaneio, o resguardo, o sorriso, o motivo de haver sol e vida. Sobre o leito, já não mais, apenas o ponto final, a chegada. E o que vem? E o que vai? E agora? Setembro jás não tem primavera, setembro toma-se por dezembro... o fim, e um agoniante recomeço.

O padecimento invade, os passos tornam-se cambalidos, o coração se desespera... E a falta de capacidade de compreensão do porquê, causa injúria, e a cabeça se preenche de culpa, e o corpo responde, pedindo a sensação de tato, de volta, de regresso. O olhar expressa em desespero a dor que o silêncio provoca.

Em pensamentos, em reminiscências, reflexos da beleza que sempre preencheu e coloriu os olhos. Porém, consigo um movimentar vasto e desordenado de recortes de saudades, sobreposições de recordações, lágrimas felizes que se confundem sem permissão com lágrimas sujas e carregadas de heresia. O ar taciturno propaga-se e mantêm-se presente, e a dor terrena cresce, uma virose que invade corações e une a dor e cria um coral penoso que suplica por fim de consternação.

Palavras seguidas de lágrimas causadas por retrocessas imagens esfumaçadas na memória recente, provocavam um tumulto que dava voz e representava a trilha sonora que abafava o silêncio da noite. E juntamente ao fervor dos gritos internos convertidos em lágrimas, o leito apresentou-se vazio, amarrotado, já não mais carregando o último adeus. Os corpos ali presentes, esculpidos pelo desamparo, distanciavam e confundiam-se com o negrume do ambiente, desaparecendo.O coração suplica uma pausa da dor, e as lembranças trocam a agonia pelo sorriso carregado de saudade. Ao outro ponto, o espírito seguia seu caminho, e o corpo recebia os cuidados merecidos para ser visto com olhares ternos. Aos que ali subsistiam, seus corpos rogavam por repouso, onde vagarosamente sem notar, cediam ao cansaço.

Ao descerrar dos olhos, em meio ao pranto indelével, súplicas desvairadas pelo desejo de que todo o suplício vivido não deixasse de ser somente ideias quiméricas de um infausto pesadelo. A passos temerosos, um magote percorria um caminho indesejável, destinando-se ao recontro que por ora era visto à olhos inconformados, em um momento que não se é possível uma diligência ensaiada, prevista.

A colisão entre aqueles que a este lugar permaneciam com a casa de habitação de um anjo bom, foi individualmente tangível à dor, árduo. Um momento com necessidade de desvelo, não obstante praticável. Momento que prescindia palavras, dando vazão à melancolia.

Passos sem norte, com desassossego, iam e voltavam, amparavam corpos que embrenhavam-se em súplicas. Ainda que a veleidade fosse de que no âmago se aduzisse unicamente de boas vibrações, não se era praticável, tal pesar aspirava, cabalmente, o recinto, os pensamentos e todos os corações que ali circundavam.Ao instante iminente do adeus, rostos desfigurados ás custas das lágrimas involuntárias, rogavam e ofertavam suas últimas palavras, que porfiavam sair em modo de fala, apenas de olhares ternos e pensamentos carentes. Vagorosamente, o corpo que antes era a casa de um ser incontestavelmente amado e alegre, passa a ser envolvido e trancado em uma bem preparada ataúde, para manter fantasiosamente o corpo em conforto e bom descanso. Enquanto o espírito partia para uma realidade aos demais incognoscível, aos que permeciam a este mundo rogando, restava a saudade, a dor e o desejo de um reencontro em um lugar melhor, onde a morte não interrompe.

Decorrentes meses, é chegado ao findar do primeiro ciclo, a passagem de quatro estações, um ano de ausência, de falta, lembranças gratas... E o silêncio presente onde antes era repleto de risos e jubilações, prossegue sendo ensurdecedor, perturbante, mostrando e mantendo sempre fixado à memória recente o quanto a falta dela faz... Enquanto todos vieram a seguir seus dias, cada qual mantendo sua rotina, alguns levando diferentemente seus dias devido a ausência e, por conclusão dimanada das premissas, a saudade; e outros permitindo-se viver normalmente como sempre foi o decorrer de seus dias, eu olho para trás e sinto em mim a sensação de que ela ainda está aqui, em minha companhia, me guiando, firme e forte para quando eu não conseguir olhar para trás sem tropeçar, estará ali prontamente para me estender as mãos.

Não há como dizer como aos outros seguem as horas, mas em mim, tudo mudou, e se a vida é semlhante a um livro, feito por capítulos devido às experiências que vamos adquirindo e acumulando na nossa bagagem, permito-me dizer que essa vivência pode ter sido o término do primeiro capítulo, mas com a sensação de episódio final, devido aos sentimentos tristes que passei a carregar comigo. E dessa passagem trouxe o aprendizado de que o tempo torna-se insignificante quando o que serve como liga e relaciona tudo a um todo, é o amor. Pouco tempo não é pouco para quem aprende a amar muito, pouco tempo não é muito para quem aprende a amar muito, o tempo deixa de ser apenas uma série ininterrupta e eterna de instantes, para passar a ser o espaço comprimido entre o início de um amor chegando ao seu ápice, tornando-o perdurável, atemporal.

Meu setembro jás não tem primavera, meu setembro tomou-se pelo gosto de fim que traz dezembro, minha primavera jás não possui o colorido, devido à uma das flores mais belas do meu jardim ter perdido suas pétalas, e sido espalhada no vento. Meu setembro deixou de ter primavera, para ter o compasso de dias repletos de novos recomeços, a passos largos e lentos, carregados de saudades e esperanças, de quando a primavera acabar, minha saudade também ter seu fim.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Tormenta.

Silêncio. Era a única coisa que meu interior pedia. Por um segundo. Por um instante queria que meus pensamentos cessassem, que minha mente se esvaziasse, para consequentemente meu coração conseguir voltar aos seus batimentos normais. É cansativo viver introspectivo, estando numa auto-análise constante, causando-lhe frustração e inquietude. Tudo fica lá, pra dentro, escondido, provocando dor e e deixando rastros de feridas e calos que não têm a intenção de sumirem. Realmente o único modo de repensar na sua caminhada é quando se está numa posição que a única coisa pior que poderia ser, é você estar por baixo do peso que o fundo do poço possui? Será que não existe um meio menos animal de te fazer provar a sua luta por evolução? Infelizmente é difícil conseguir batalhar quando seu único desejo é paz.
...

domingo, 15 de abril de 2012

Sun Day? Not!

Nunca consegui conviver com os domingos, eles são chatos, mal humorados, não ornam com nada... Ou ás vezes sou eu que não tô em clima de domingo de dia no parque, domingo de almoço em família, ou domingo de ressaca... Domingo de ressaca definitivamente é o pior dia da vida. Prefiro ir trabalhar na segunda-feira com sono e de ressaca do que ficar podre estirado na cama no domingo. Pra que existe esse maldito dia? Dia que antecede outro dia tão pior quanto! Dia das promessas, do início das dietas e do retorno à rotina. Domingo deprime, entedia, cansa, enjoa... Domingo surta, pira, enlouquece. Por favor, acelerem os ponteiros e tragam o próximo dia que mesmo não sendo grande coisa, me tira dessa agonia.

sábado, 5 de novembro de 2011

Ermo.

Sabes aquele livro velho que você já o leu incontáveis vezes e se surpreendia todas as vezes ao ler o final? Aquele livro que estava em estado deplorável, com as páginas desgastadas, amareladas, visualmente perceptível a degradação que o tempo provocou nele? Aquele seu livro de cabiceira, que você orgulhosamente diz saber todas as frases de efeito e o contexto da história, tendo a capacidade de puxar o conto da memória e narrá-lo em detalhes? Aquele livro que você indica para todos, mas o seu exemplar não sai do seu quarto? Sabe? Aquele livro que você jura que foi feito pensado em você, que te entende, e parece citar conselhos quando você precisa deles? Aquele livro, que por mais que você cuidou, e ainda cuida, o tempo conseguiu atingi-lo... Pois é, aquele livro agora virou borrão, páginas molhadas com o café mais amargo já encarado, letras viraram um aglomerado de tinta, preta, desenhos abstratos... É, aquele livro... Agora permanecerá fechado, sem a utilidade que tinha, de confortar-te, aconselhar-te, estar contigo... Agora virou alimento para o fogo e só sobrou seu espaço na estante, que agora permanecerá vazio... Aquele livro, já não é mais palpável e o que restou foi suas palavras que lhe faziam tão bem, as risadas que lhe proporcionava, e as lembranças dos dias em que acompanhava-te aos passeios solitários, longíquos e tranquilos. O título? O amor que plantou em mim.